Como sensibilizar melhor o cliente?

Palestra busca nova abordagem para comercialização de seguros e previdência

O multicampeão da Fórmula 1, Michael Schumacher. Reprodução
O multicampeão da Fórmula 1, Michael Schumacher. Reprodução

Você sabia que, em média, 120 pessoas morrem diariamente em acidentes de trânsito no Brasil? Anualmente o número cresce para 43 mil. Outros 500 mil ficam inválidos. Ainda falando em números, aproximadamente 60 mil pessoas morrem por homicídios, 350 mil por problemas cardiovasculares e outros 200 mil decorrentes do cigarro. Outro dado alarmante são os 600 mil casos anuais de câncer descobertos e olha que ainda estamos falando de nosso País. São números impressionantes, mas que expõem a grande fragilidade do corpo humano. Quem não se lembra do multicampeão de Fórmula 1, Michael Schumacher?

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Esta matéria apenas reforça aquilo que todos nós já sabemos: precisamos investir em planos de previdência e preservar o futuro diante de qualquer intempérie com as opções de cobertura disponibilizadas pelo setor de seguros. A diferença é que desta vez o tema foi tratado sob uma outra ótica, a do atuário e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Sérgio Rangel. Um seleto público acompanhou a apresentação no final da noite desta terça-feira, na sede da Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul (Federasul), em Porto Alegre (RS).

Jeanne Calment foi a pessoa mais longeva registrada na humanidade. Reprodução
Jeanne Calment foi a pessoa mais longeva que se tem registro na humanidade. Reprodução

Rangel abordou o limite da longevidade. Citou o exemplo de Jeanne Calment, que viveu até os 122 anos. Jeanne fumou e andou de bicicleta até os 117 e bebia diariamente um copo de vinho. “A questão é: teremos fôlego para viver tanto?”, questiona ao abordar o risco da longevidade, que varia de acordo com a capacidade de alguém acumular capital ao longo da vida para gastos como saúde, por exemplo. “Temos um grande mercado de pessoas acima de 65 anos”, disse ao projetar um cenário para 2050, dada a queda drástica na taxa de natalidade nos últimos anos.

Umberto Eco define que “o futuro deve ser o lugar para onde vamos, e não algo que virá até nós, onde estamos agora”. Com esta citação, Sérgio Rangel visou estimular o pensamento no futuro, uma visão mais a longo prazo. “E se eu não puder trabalhar por conta de algum acidente ou doença?”, completou ao abordar a importância de proteções para a vida e invalidez. “Existe uma coisa chamada lacuna de mortalidade que é uma simulação de como as coisas seriam na família da pessoa caso ela venha a faltar”, disse ao ressaltar a importância de planejamento para garantir a proteção necessária para se manter aquele grupo familiar. “Ao todo, estima-se em US$ 2,5 trilhão de dólares de riscos desprotegidos”, consolidou.

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Esta introdução tinha um objetivo: focar na comercialização de seguros e previdência. As estimativas apontam que apenas 10% das pessoas no Brasil possuam algum seguro de vida (apenas 1% contrata diretamente, sem o incentivo da empresa onde trabalham, por exemplo), já na previdência complementar este número sobe para 8,7%, de acordo com dados divulgados no Encontro dos Corretores de Seguros do Estado de São Paulo, o Conec deste ano. “O futuro tem uma grande pedra, se esperarmos ela cair de uma vez só não iremos resistir. É o caso da previdência, várias pedrinhas menores amortizam o impacto e devemos utilizar os mecanismos de seguro para proteção”, ilustrou.

O atuário Sérgio Rangel. William Anthony/JRS
O professor e atuário Sérgio Rangel. William Anthony/JRS

“Nada muda se você não mudar”, elenca ao abordar uma visão interdisciplinar com as neurociências. A exposição de Rangel evidenciou: não somos totalmente racionais em nossas decisões.

“Frequentemente nos matriculamos em uma academia, fazemos um contrato de um ano e nunca mais aparecemos”, disse em um dos exemplos práticos do cotidiano. “A tendência é de um comportamento pendular. Somos imediatistas”, finalizou.

Em um contexto histórico, Rangel lembra que já fomos caçadores coletores. Ou seja, criamos ideias que visam a satisfação de desejos, consumismo, achamos que poupar não é prazeroso, além da busca pela aprovação social e a banalização do crédito. “Temos de entender que as pessoas são assim e precisamos ajudá-las a passar por este enfrentamento”, comenta.

O atuário lembra que as pessoas passam mais tempo planejando festas ou fazendo listas de natal do que planejando suas vidas. “O papel do corretor é auxiliar as pessoas a construírem uma vida mais planejada para o hoje e o amanhã”, destaca ao lembrar que a procrastinação afeta o processo de mudanças. “As pessoas querem mudar, mas não agora. As pessoas têm aversão às perdas. A perda é mais mobilizadora que o ganho”, ressalta.

Gamificação é o uso de técnicas de design de jogos que utilizam mecânicas de jogos e pensamentos orientados a jogos para enriquecer contextos. Reprodução
Gamificação é o uso de técnicas de design de jogos que utilizam mecânicas de jogos e pensamentos orientados a jogos para enriquecer contextos. Reprodução

Sérgio Rangel acredita que a gamificação (uso de técnicas de design de jogos que utilizam suas mecânicas e pensamentos orientados para enriquecer contextos) pode ajudar as pessoas a despertarem para a importância de planejarem suas vidas. “São as pequenas coisas que mudam o resultados. Não gostamos de receber ordens, sentir que as coisas são uma obrigação”, revela ao focar no engajamento dos resultados. “A solução, algumas vezes, não pode ser apresentada de forma rápida. A pessoa é que tem de ter essa conclusão”, segue baseado nos princípios de estratégia guiada (onde pessoas são conduzidas a concluírem que determinada coisa é favorável e necessária).

Transparência, simplicidade, boa comunicação e facilidade para oferecer opções aliadas a inovação de abordagens despertam a relevância na comercialização das opções de proteção existentes. “Precisamos não focar em banco de dados e sim em banco de fatos, assim as pessoas estarão mais sensíveis. Existem coisas extremamente simples para desmistificar o nosso mercado de seguros”, encerrou.

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