Um novo olhar sobre o Continente Africano

Patrocinada pelo Ourocap, mostra ‘Ex Africa’ chega ao Rio com trabalhos de 18 artistas que vão além do universo étnico

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Chega ao Rio de janeiro, no próximo dia 20, a exposição Ex Africa, com patrocínio Ourocap – título de capitalização da Brasilcap –, reunindo trabalhos de 18 artistas de oito países africanos, além de dois brasileiros: Arjan Martins e Dalton Paula. Montada no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), a mostra é organizada em quatro eixos temáticos – ‘Ecos da História’, ‘Corpos e Retratos’, ‘Drama Urbano’ e ‘Explosões Musicais’. A iniciativa reafirma a contribuição da Brasilcap como patrocinadora contínua da cultura no Brasil – em toda a sua diversidade. A empresa já abraçou, entre outros projetos, o filme ‘Vidas Partidas’, o espetáculo ‘Rio mais Brasil, o nosso musical’ e a mostra ‘Retrospectiva Jean-Michel Basquiat’.

“Como em toda parte, o continente africano está em permanente processo de renovação criativa e intenso intercâmbio artístico. Em Ex Africa, isso fica muito claro. Portanto, quem for conferir a exposição esperando ver trabalhos cheios de referências étnicas, com o estigma do ‘artesanato de aeroporto’, com certeza, vai se surpreender”, diz o curador da mostra, Alfons Hug.

Pela primeira vez fora de Gana – Notabilizado por criações de grande escala, o ganês Ibrahim Mahama, 30 anos, usa aproximadamente dois mil caixotes de madeira para formar cubo gigante em Non-orientable, instalação que, pela primeira vez, sai de seu país. Objetos diversos, como bonecas, jornais, sapatos e outros itens do cotidiano, vêm fixados aos caixotes – engradados de madeira usados para transporte de frutas –, numa montagem adaptada para o Brasil, já que no original ele empregou caixas de engraxates.

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“Antes de tudo, sou um artista que preza a independência. É muito importante para nós a possibilidade de criar a partir de qualquer contexto, para além do universo das instituições em que estamos inseridos. Na escola em que me formei, é muito viva e fluente a ideia de que devemos produzir trabalhos que transformem o público e até o próprio sentido da arte”, explica Mahama.

O artista conta que se interessa muito por objetos, sua relação com as pessoas e temas sociopolíticos, dentro do contexto em que existem e são usados. “Dessa forma, não fazia sentido trazer a obra da África para cá. No meu país, o que me inspirou foi o cotidiano dos engraxates. Eles constroem seu principal instrumento de trabalho – a caixa onde guardam cera, escovas, entre outros materiais que usam para polir os sapatos das pessoas – com pedaços de pau achados pelas ruas. E sequer têm onde dormir. A caixa é, então, a casa deles. É tudo o que têm”, narra o africano.

Guerra como referência

Também ganhou versão local na mostra Ex Africa o trabalho ‘Geometria da Passagem’, do egípcio Yousseff Limoud, que escolheu o tema ‘lugar’. Inspirado por fotos da guerra civil na Síria, ele iniciou a criação há quatro anos. Segundo Limoud, a narrativa presente nos objetos envolve quatro elementos: lar, morte, música e solo, conceito associado a uma antiga filosofia indígena.

De acordo com Alfons Hug, vídeos, músicas, projeções, telas e esculturas completam o acervo da exposição. “Há, por exemplo, uma sala dedicada exclusivamente ao afrobeat, música muito popular em Lagos, na Nigéria. Destaca-se também a série fotográfica ‘Gênesis’, de Kudzanai Chiurai, que resgata a colonização da África Central e Oriental ocorrida no Século 19”, descreve o curador. Entre os africanos, estão também o cantor e compositor Nástio Mosquisto, o artista visual e performer Jelili Atiku, e o fotógrafo Leonce Raphael Agbodjelou.

Serviço:
Exposição Ex Africa
Quando: 20 de janeiro a 26 de março, das 9h às 21h
Onde: Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) – Rua Primeiro de Março, 66, Centro, Rio de Janeiro.
Quanto: Entrada gratuita
Informações: (21) 3808-2020

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