Mulheres conquistam o mercado segurador

Confira panoramas e histórias das profissionais que representam 56% da mão de obra do segmento

As mulheres ficam com apenas três em cada 10 cargos executivos nas empresas seguradoras. A diretora de negócios da Previsul Seguradora, Andreia Araújo (41), faz parte das 1,4% de profissionais que se tornaram executivas.

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O segundo estudo “Mulheres no Mercado de Seguros no Brasil”, da Escola Nacional de Seguros, consolida os dados acima e também ressalta que as mulheres são maioria no mercado de seguros, representando 56,3% da mão de obra (dados de 2015). Em 2000, elas representavam 49%. A maior parte das entrevistadas tem entre 36 e 45 anos, com uma origem profissional de corretoras, securitárias, órgãos representativos de classe, prestadoras de serviços, empresas de seguros etc.

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Andreia Araújo é diretora de negócios da Previsul Seguradora.

Com trajetória de 16 anos, a mãe do Gustavo (14), assumiu a função na companhia em agosto deste ano. Formada em direito, Andreia foi a primeira mulher a ser contratada para assumir um escritório em nível gerencial, uma aposta que, segundo os gestores da época, tinha poucas chances de dar certo por exigir longas viagens para visitar corretores em diversas cidades do Estado. “Este não era considerado um trabalho típico para mulheres. Felizmente, sempre encontrei pessoas que apostaram na minha competência e tive a possibilidade de mostrar um bom trabalho, com resultados, e assim abrir portas para que outras executivas que sejam contratadas e exercer diferentes funções”, conta.

Dos 167 colaboradores da Previsul, 67% são mulheres. “Trabalhamos diariamente para construção de uma empresa moderna, orientada para o futuro. E no futuro não existe diferença entre homens e mulheres, existem seres humanos que trocam experiências, se complementam e fazem belas entregas”, acredita.

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39% das profissionais mulheres da companhia estão à frente dos cargos de gestão. “Em busca de um futuro com direitos igualitários independente do gênero, o cenário da empresa é muito diferente de 16 anos atrás, o que me deixa muito orgulhosa e com a certeza de que continuaremos avançando”, acrescenta ao salientar que, na sucursal Rio Grande do Sul, as mulheres também são maioria entre os colaboradores.

A corretora de seguros Júlia Fetter, 33 anos, conta que encontrou dificuldades no início da carreira no momento em que optou por mudar sua atuação para o setor comercial. “Todos os executivos da área eram homens, eu era jovem e inexperiente então não tinha muitos fatores ao meu favor. Somente a força de vontade e o interesse em aprender, o que fez muita diferença”, ressalta. 

Foi no ano passado que Júlia decidiu apostar efetivamente no empreendedorismo através da corretagem de seguros. Ela considera que as mulheres estão cada vez mais alcançando cargos comerciais importantes de gerência e supervisão. “Não podemos esperar uma mudança brusca e radical, mas vejo, sim, essa mudança, ao longo dos anos, no mercado de seguros”, evidencia.

A corretora de seguros Júlia Fetter acredita num futuro onde o mercado profissional seja igualitário em oportunidades.
A corretora de seguros Júlia Fetter acredita que o mercado profissional seguirá o caminho da igualdade de oportunidades.

Em relação à remuneração da mão de obra feminina neste mercado, o levantamento coordenado pelos professores Maria Helena Monteiro e Francisco Galiza que ouviu 316 mulheres, afirma que o salário médio das mulheres é 28% menor em relação a remuneração dos homens. A corretora de seguros diz que nunca enfrentou essa diferença em função do gênero. “Eu sei que existe, mas essa realidade está mudando. A igualdade de oportunidades é o caminho”, crê.

A Neo Executiva Corretora de Seguros possui 75% de mulheres no seu quadro funcional. O diretor administrativo e sócio fundador, Zênio Costa, afirma que a empresa não possui critério fixo de contratações. “Primeiramente analisamos capacitação, especialização e experiências e hoje, após diversos profissionais já terem passado por nossa empresa, nos identificamos melhor com uma equipe feminina, pois o atendimento e o comprometimento são um pouco melhor”, relata.

Para ele, apesar de ambos os sexos possuírem suas qualidades, as mulheres geralmente realizam um atendimento mais empático. “Notamos que elas possuem maior cuidado no esclarecimento dos detalhes do seguro. E, em função da empatia, também há um maior envolvimento do cliente, a venda fica mais marcante, e isto reflete na nossa marca”, esclarece.

Dos 24 Sindicatos dos Corretores de Seguros pertencentes aos Estados brasileiros, apenas dois são presididos por mulheres. Maria Filomena Branquinho está a frente do Sincor de Minas Gerais e Cláudia Diniz no de Pernambuco. Nas diretorias, elas aparecem mais vezes, estando presentes em 17 Sincors.

O Sindicato do Rio Grande do Sul é um deles, com duas mulheres em sua diretoria e duas delegadas das regiões interioranas. “Nosso Sindicato possui uma diretoria coesa e participativa. Entre aqueles que a dirigem, temos a participação bastante efetiva das mulheres. Elas tem um jeito muito especial de lidar com as pessoas e por isso é muito importante as suas participações para qualificar ainda mais a nossa diretoria”, garante o presidente do Sincor-RS, Ricardo Pansera.

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