Participação feminina no mercado segurador aumentou nos últimos anos, mas diferença ainda é grande

Executivas gaúchas criam grupo para mulheres do mercado de seguros

Nas últimas décadas, as mulheres conquistaram muitos espaços na sociedade. Muitas profissões que antigamente eram consideradas masculinas começaram a ter uma participação feminina mais expressiva. Este é o caso do mercado segurador gaúcho. Atualmente, um terço dos corretores em atividade no Estado são mulheres (são 1.275 mulheres contra 2.886 homens). Em 2009, eram apenas 740. “Avançamos muito nos últimos anos em relação a presença feminina nos cargos de gestão, mas ainda temos um longo caminho até os números se aproximarem”, afirma o presidente do Sindicato das Seguradoras do RS (SINDSEGRS), Guacir Bueno.

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Assim como aumentou a participação feminina nas corretoras, também as mulheres têm procurado proteger seus patrimônios e correspondem a uma expressiva porcentagem do mercado de clientes. Afinal, o cuidado e a prevenção estão ligados à natureza feminina. O número de lares chefiados por mulheres passou de 23% para 43% em 20 anos, segundo o IBGE. Em muitos destes, são as mulheres responsáveis pelas finanças da casa. De acordo com o último estudo da Funenseg, de 2013, uma maior participação feminina no mercado de trabalho, de maneira geral, amplia as possibilidades de produtos voltados especificamente a este nicho.

Para atender esta cliente, a sensibilidade feminina é essencial, segundo a Presidente do Clube da Pedrinha, Yara Bolina.”A mulher tem um compromisso com a delicadeza, um olhar diferente para cativar as pessoas, se preocupa com a gentileza e traz, normalmente, mais envolvimento”, destaca Yara. Estas características trazem benefícios também nos clubes e confrarias do setor. Terceira mulher a frente do Clube da Pedrinha em 11 anos de existência, Yara acredita que o seu poder agregador influenciou de maneira positiva o grupo. “O Clube existe em outros estados, mas somente aqui no RS é aceita a participação de mulheres. Por ter essa característica agregadora, acredito que conseguimos estreitar relações e ampliar a presença nos eventos, coisas que só uma mulher poderia fazer”, afirma.

Porém, dentro das seguradoras o quadro ainda é bastante desproporcional no que diz respeito a cargos de gestão. “Muitas mulheres estão em cargos administrativos, pois somos multitarefa. Conseguimos conversar, atender o telefone e escrever sem perder o foco. Mas quando olhamos para a diretoria e gerência o cenário é bem diferente”, lamenta Yara. Em 2013, de acordo com estudo da Funenseg, 5,5% dos gerentes eram mulheres, ou seja, 4 a cada 10 homens e uma diretora a cada 5 diretores.

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Para a diretora do SINDSEGRS, Estela de Moura Rey, as mulheres estão silenciosamente assumindo cargos de gestão em várias filiais no Estado, enfrentando da melhor forma possível o machismo que permanece. “Temos vários gestores homens no mercado segurador que elogiam e enfatizam o profissionalismo das mulheres porém ainda não indicam as mesmas para cargos de liderança. Se observarmos os indicadores em relação a cargos de liderança a mulher ainda está em uma escala desfavorável em relação aos homens.

Para a diretora do SINDSEGRS, Estela de Moura Rey, as mulheres estão silenciosamente assumindo cargos de gestão em várias filiais no Estado, enfrentando da melhor forma possível o machismo que permanece. “Temos vários gestores homens no mercado segurador que elogiam e enfatizam o profissionalismo das mulheres porém ainda não indicam as mesmas para cargos de liderança. Se observarmos os indicadores em relação a cargos de liderança a mulher ainda está em uma escala desfavorável em relação aos homens. Temos muito trabalho pela frente se quisermos que a nossa próxima geração tenha mais espaço”, salienta.

Yara concorda que o mercado segurador ainda é um pouco machista e acredita que muitas mulheres vem mostrando com seu trabalho e resultados que tem tantas capacidades quanto seus colegas homens e que estão preparadas para assumir mais responsabilidades. “Alguns líderes, lamentavelmente, ainda torcem pelo fracasso feminino e não apoiam o avanço das mulheres em suas carreiras. Conheço algumas líderes que desistiram de avançar em seus cargos de chefia pelo nível da pressão imposta e pela falta de apoio de seus gestores. Estas mulheres desistiram de sua carreira visando ter mais qualidade vida”, lastima Estela.

Para trazer mais união às mulheres que trabalham com seguros e fortalecê-las há o Clube das Gurias, liderado pela Roseli Lustosa. Também está sendo criado o grupo LÍDERES SECURITÁRIAS RS – um grupo das Gestoras, Diretoras e Gerentes de Filial de Seguradoras. Neste grupo serão trocadas informações e experiências positivas além de apoio. Hoje já são 15 integrantes. Estela acredita na máxima que juntas as mulheres são mais fortes e por isso a participação feminina nos eventos, confrarias e clubes vai refletir em um futuro um pouco mais homogêneo. “Precisamos, portanto, fazer o que os homens fazem: eles se apoiam e se protegem. Temos muito trabalho pela frente se quisermos que nossa próxima geração tenha mais espaço”, conclui a diretora.

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