Riscos cibernéticos são uma ameaça global

Prejuízos causados por hackers atingem a extraordinária soma de US$ 90 bi no mundo, segundo BID

“Os riscos cibernéticos são uma ameaça global, que não respeitam fronteiras geográficas”, afirmou Kara Owens, da TransRe, logo no início de sua apresentação no 6º Encontro de Resseguro do Rio de Janeiro, sobre a evolução do risco cibernético, assunto de interesse das seguradoras e resseguradoras, tanto pelas oportunidades de negócio quanto pelos riscos assumidos.

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Segundo o Banco Interamericano de Desenvolvimento, assinalou Karen, esses riscos geram perdas de US$ 90 bilhões anualmente em todo o planeta. E não coincidentemente, o seguro contra riscos cibernéticos é um dos produtos que mais crescem no mundo. Em 2016, os prêmios arrecadados ficaram entre US$ 3,5 bilhões e US$ 4 bilhões, devendo alcançar US$ 20 bilhões até 2025. E se, antes, apenas empresas de grande porte o contratavam, agora ele já é procurado por empresas de pequeno e médio portes. Mais tarde, até mesmo pessoas físicas vão procurar a cobertura nas gôndolas das seguradoras, acrescenta. Mas essa é uma realidade para os Estados Unidos, onde mais de 60 seguradoras já oferecem tal proteção. Na América Latina, porém, a realidade é outra, com a modalidade ainda engatinhando, segundo a executiva da TransRe, particularmente, no Brasil, devido ao baixo nível de litigiosidade de nosso mercado.

Só em 2015, o Brasil registrou aumento de 200% no número de ataques. E mesmo os casos ocorridos lá fora repercutem por aqui, como foi o caso do Yahoo, que teve os dados de milhares de clientes expostos por hackers no período em que sua venda estava sendo negociada, resultando em uma enorme perda de valor de mercado.

Outro golpe cibernético que tem crescido muito, segundo Karen, é o de sequestro de dados, pessoais ou empresariais, que só são liberados mediante pagamento de resgate. E há ainda aqueles que ocorrem e surpreendem a todos, como o caso citado de um navio de carga cujo hacker identificou que levava uma remessa de diamantes. Já em alto mar, o criminoso assumiu remotamente o controle da embarcação e a conduziu para o local onde piratas o aguardavam tranquilamente. E se um hacker tomasse o controle da rede elétrica? Pois até isso já aconteceu, nos EUA, há alguns anos.

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E além dos evidentes prejuízos para as empresas atacadas, esses ataques também podem impactar fortemente suas seguradoras, podendo gerar sinistros em apólices de lucro cessante, de perda de propriedade intelectual e outras.
Mas se cresce a demanda por seguros contra riscos cibernéticos, sua oferta enfrenta alguns desafios. Em primeiro lugar, sua precificação é complicada, sobretudo devido à falta de dados suficientes para os cálculos atuariais. Além disso, a tecnologia, em constante evolução, abre, a cada dia, mais e mais possibilidades para os criminosos. “Há 10 anos, ninguém pensava em dispositivos médicos ou TVs sendo hackeadas”, disse Karen, referindo-se a algo que já é realidade hoje. E com o desenvolvimento da internet das coisas, dos carros autônomos, dos monitores de bebês, entre outros objetos conectados à internet, os riscos crescem exponencialmente.

E sendo os ataques cibernéticos um risco ao qual todos estão expostos, da grande empresa ao simples cidadão, o mínimo que podemos fazer é adotar medidas básicas de segurança. E algumas apresentadas pela coordenadora de mesa, Thisiani Martins, da seguradora XL Catlin, já ao final do painel, são: criar senhas diferentes para cada site em que se precise registrar, gerar senhas mais difíceis, evitar wi-fi públicos, evitar o uso de bluetooth e ter cuidado com sites falsos.

 

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