Temer cancela agenda e prepara pronunciamento

Acusações atingem em cheio condução do governo

Uma forte bomba atingiu o Palácio do Planalto na noite desta quarta-feira. Joesley e Wesley Batista, empresários da JBS, disseram em delação à Procuradoria-Geral da República (PGR) que gravaram o presidente Michel Temer dando aval para comprar o silêncio do deputado cassado e ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ), depois que ele foi preso na operação Lava Jato. A informação é do colunista do jornal “O Globo” Lauro Jardim.

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Mar de lama atinge em cheio presidente do Brasil / Reprodução

Entenda o caso

A reportagem relata que o dono da JBS marcou um encontro com Rocha Loures em Brasília e contou o que precisava no Cade. Pelo serviço, segundo ‘O Globo’, Joesley ofereceu propina de 5% e Rocha Lores deu o aval.

As negociações teriam continuado em outra reunião, entre Rocha Loures e Ricardo Saud, diretor da JBS. Foi combinado o pagamento de R$ 500 mil semanais por 20 anos, R$ 480 milhões ao longo de duas décadas. Posteriormente, Rocha Lourdes foi filmado recebendo uma mala com R$ 500 mil, enviados por Joesley.

Em outra gravação, também de março, o empresário diz a Temer que estava dando a Eduardo Cunha e ao operador Lúcio Funaro uma mesada para que permanecessem calados na prisão. Diante dessa informação, Temer diz, na gravação: “tem que manter isso, viu?“.

“O presidente Michel Temer jamais solicitou pagamentos para obter o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha. Não participou e nem autorizou qualquer movimento com o objetivo de evitar delação ou colaboração com a Justiça pelo ex-parlamentar”, disse o Planalto em nota à imprensa. “O encontro com o empresário Joesley Batista ocorreu no começo de março, no Palácio do Jaburu, mas não houve no diálogo nada que comprometesse a conduta do presidente da República”, acrescenta a assessoria.

O senador Aécio Neves / Reprodução

Aécio ameaça o próprio primo em gravações

Na delação de Joesley, o senador Aécio Neves (MG), presidente do PSDB, é gravado pedindo ao empresário R$ 2 milhões. No áudio, com duração de cerca de 30 minutos, o presidente nacional do PSDB justifica o pedido dizendo que precisava da quantia para pagar sua defesa na Lava Jato. A entrega do dinheiro foi feita a Frederico Pacheco de Medeiros, primo de Aécio, que foi diretor da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), nomeado por Aécio, e um dos coordenadores de sua campanha a presidente em 2014. “A gente mata ele antes de fazer delação“, teria afirmado o político.

A PF também rastreou o caminho do dinheiro e descobriu que foi depositado em uma empresa do também senador Zezé Perrella (PMDB-MG).

Impeachment ou renúncia?

O deputado Alessandro Mollon (Rede-RJ) protocolou o primeiro pedido de impeachment contra o presidente Michel Temer por causa dessas revelações. A própria base aliada já admite que não há sustentabilidade ao atual governo e que o mais sensato, seria a renúncia de Temer. O presidente, no entanto, afirma não estar disposto a renunciar e quer acesso ao conteúdo das gravações. Ele fala em ‘conspiração’ e que ‘vive o pior momento de sua vida’.

Economia

A bolsa de valores amanheceu em queda de 10%, o que fez com que as operações fossem paralisadas. O dólar bateu R$ 3,43. O Copom deve adiar a queda da taxa de juros.

Operações

A Polícia Federal desencadeou diversas operações nas casas e nos gabinetes de Aécio, Perrella, Rocha Loures e pessoas ligadas a Eduardo Cunha. O então presidente do PSDB foi afastado do cargo de senador pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A prisão preventiva de Aécio será analisada em Plenário, no Supremo.

Frederico Pacheco de Medeiros, primo de Aécio, e Andrea Neves, irmã do parlamentar, foram presos pela Polícia Federal. O motivo ainda não foi revelado.

Pronunciamento

O presidente Michel Temer quer fazer um pronunciamento ainda nesta quinta-feira (18) sobre a delação da JBS. Temer cancelou a agenda para ‘despachos internos’, informou o Planalto.

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